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Desafios na elaboração do tcc

Recordando e comentando
Você já deve ter lido textos de ficção que causaram estranhamento em você, seja pelo tema, pela maneira como o autor escreveu, ou qualquer outro motivo.
Se você puder, releia algum desses textos.
Depois, escreva um pequeno comentário, tendo em mente a seguinte questão: posso considerar esse texto que acabo de ler como um objeto artístico?
Por quê?
Aqueles textos, como qualquer outro objeto artístico, não têm respostas prontas para nos fornecer sobre qualquer assunto.
Por isso, ao entrarmos em contato com eles, não conseguimos ter uma compreensão imediata do que querem dizer.
Ou seja: em um objeto artístico, não há uma “única verdade” sendo construída.
O que se constrói são possibilidades.
Voltemos a Machado de Assis e Clarice Lispector e suas respectivas obras, citadas lá atrás.
A primeira história, a do defunto-autor, nos coloca essa possibilidade, entre outras: como poderia ser o olhar de um morto sobre sua própria vida?
Como veríamos a nossa história se pudéssemos ter esse olhar?
O que significaria a vida para nós?
Já a história do livro emprestado pode estar nos perguntando: o que é a felicidade? Será que a felicidade é uma sensação passageira, ou podemos carregá-la pela vida afora?
Será que ter a sensação de poder tudo não é o máximo de felicidade que podemos ter concretamente?
Despertar nos outros a inquietude parece ser um traço característico dos objetos artísticos, sejam eles quais forem. Por este motivo é que devemos cada vez mais nos preparar para elaborar o tcc com antecedência. Nunca sabemos quais os imprevistos que virão no assolar, ou as atividades que nos serão cobradas no trabalho.
Outro traço comum é pressupor, por parte de quem produz tais objetos, um grande domínio das técnicas de seu ofício.
Afinal, se para construir uma informação simples é preciso saber como fazê-lo, que dizer de objetos que querem transmitir uma informação aberta, mas que precisa se manter minimamente compreensível?
Só para sentir a dificuldade técnica de produzir um objeto artístico, tente compor a letra para uma música.
O assunto você escolhe.
Veja se é fácil escrever uma letra com sentido, com frases bemarticuladas, que nos tragam à cabeça imagens bonitas.
E A BELEZA?
ONDE É QUE FICA? Você pode estar se perguntando a essa altura: “E a beleza?
Uma obra de arte não tem que ser bonita?
A gente vê uns quadros por aí, parecem umas tintas jogadas em cima da tela...
Será que isso é arte? ”
Com certeza, muito do nosso estranhamento diante de objetos artísticos vem daí.
Talvez este seja um bom momento para retomar uma de nossas questões iniciais: por que será que os professores, no contexto escolar, trazem obras de arte para estudar com seus alunos? PARA ALÉM DA SALA DE AULA...
Se você mora em uma cidade ou perto de uma, procure se lembrar de algum monumento existente nela (pode ser uma fonte ou escultura na praça).
Você classificaria esse objeto como uma obra de arte?
Por quê?

Como produzir um texto rapidamente



Dominar as técnicas de escrita de textos é um trabalho que exige prática e dedicação. Não obstante, conhecer seu lado teórico é bastante essencial. Cá você encontra um apanhado desta teoria com 7 fáceis passos de como criar um texto do zero.

Aplique-a em seu trabalho, entretanto não se esqueça: você precisará fazer a sua parte, desta forma, escrever.

1 – Simplicidade

Use palavras conhecidas e adequadas. Escreva com simplicidade. Com intenção de se tenha bom domínio, prefira frases curtas. Amarre as frases, organizando as ideias. Tenha zelo para não mudar de ponto de repente. Conduza o leitor de forma tranquila pela linha de argumentação.

2 – Transparência

O segredo está em não permitir nada subentendido, nem imaginar que o corretor sabe o que você almeja expressar. Evidencie todo o teor da sua escrita. Lembre-se: você está comunicando a sua opinião, falando de suas idéias, narrando um fato. O mais importante é fazer-se escutar.

3 – Objetividade

Você deve expressar o máximo de conteúdo com o menor número de palavras possíveis. Por isso não repita ideologia, não use palavras demais ou outras coisas que só para aumentem as linhas. Concentre-se no que é realmente necessário para o artigo. A busca prévia ajuda a separar melhor o que se deve utilizar.

4 – Unidade

Não esqueça, o escrito deve ter unidade, por mais longo que seja. Você deve traçar uma linha coerente do começo ao final do texto. Não pode perder de vista essa trajetória. Desse modo, muita atenção no que escreve para não se perder e fugir do objeto. Expelir o acessório é um dos caminhos para não se perder. Para não errar, use a seguinte ordem: introdução, argumentação e epílogo da teoria.

5 – Congruência

A congruência (coesão) entre todas as partes de seu artigo, é fator primordial para se redigir muito. É necessário que elas formem um todo. Para isso, é necessário estabelecer uma ordem com o propósito de as ideologia se completem e formem o corpo do texto. Explique, mostre as causas e as consequências.

Saiba mais sobre os segredos da redação no vestibular.

Exemplos: Obedecer uma ordem cronológica é um forma de se atingir constantemente, apesar de não ser criativa. Nesta linha, parta do geral para o privado, do objetivo para o subjetivo, do certo para o abstrato. Use figuras de linguagem para que o escrito fique interessante. As metáforas também enriquecem a redação no caso da narração.

6 – Ênfase

Procure invocar a atenção para o objecto com palavras fortes, cheias de significado, singularmente no início da narrativa. Use o mesmo recurso para primar trechos essenciais. Uma boa desenlace é precípuo para mostrar a relevância do assunto escolhido. Remeter o lente à teoria inicial é uma boa maneira de tapar o artigo.

7 – Leia e Releia

Lembre-se, é fundamental filosofar, planejar, redigir e reler seu artigo. Mesmo com todos os cuidados, pode ser que você não consiga se expressar de modo clara e concisa. A pressa deve atrapalhar. Com calma, verifique se os períodos não ficaram longos, obscuros. Veja se você não repetiu palavras e princípios. Conforme você relê o artigo, essas falhas aparecem, inclusive, erros de ortografia e acentuação.

Não se apegue ao escrito. Refaça se for preciso. Não tenha preguiça, passe tudo a definitivamente quantas vezes forem necessárias. No computador, esta tarefa se torna mais fácil. Faça constantemente uma imitação do escrito original. Desta forma você se sentirá à vontade para arrumar quanto quiser, pois sabe que sempre poderá voltar atrás.
Vídeo – Como fazer uma boa redação no vestibular ( http://southkoreangrandprix.com/video ):

Veja também:

  • Como fazer a introdução da redação
  • Como fazer a conclusão da redação
  • Desenvolvimento da redação
  • Estrutura de uma Redação
  • Os 10 Pecados em uma Redação
  • A Redação do Enem


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Leitura Comentada de texto descritivo

Leitura das Sombras

Em 1984, duas pequenas placas de argila de formato vagamente retangular foram encontradas em Tell Brak, Síria, datando do quarto milênio antes de Cristo. Eu as vi, um ano antes da guerra do Golfo, numa vitrine discreta do Museu Arqueológico de Bagdá. São objetos simples, ambos com algumas marcas leves: um pequeno entalhe em cima e uma espécie de animal puxado por uma vara no centro. Um dos animais pode ser uma cabra, e nesse caso o outro é provavelmente uma ovelha. O entalhe, dizem os arqueólogos, representa o número dez. Toda a nossa história começa com essas duas modestas placas. Eles estão - se a guerra os poupou - entre os exemplos mais antigos de escrita que conhecemos.
Há algo intensamente comovente nessas placas. Quando olhamos essas peças de argila levadas por um rio que não existe mais, observando as incisões delicadas que retratam animais transformados em pó há milhares e milhares de anos, talvez uma voz seja evocada, um pensamento, uma mensagem que nos diz: "Aqui estiveram dez cabras", "Aqui estiveram dez ovelhas", palavras pronunciadas por um fazendeiro cuidadoso no tempo em que os desertos eram verdes. Pelo simples fato de olhar essas placas, prolongamos a memória dos primórdios do nosso tempo, preservamos um pensamento muito tempo depois que o pensador parou de pensar e nos tornamos participantes de um ato de criação que permanece aberto enquanto as imagens entalhadas forem vistas, decifradas, lidas.
Tal como meu nebuloso ancestral sumério lendo as duas pequenas placas naquela tarde inconcebivelmente remota, eu também estou lendo, aqui na minha sala, através de séculos e mares. Sentado à minha escrivaninha, cotovelos sobre a página, queixo nas mãos, abstraído por um momento da mudança de luz lá fora e dos sons que se elevam da rua, estou vendo, ouvindo, seguindo (mas essas palavras não fazem justiça ao que está acontecendo dentro de mim) uma história, uma descrição, um argumento. Nada se move, exceto meus olhos e a mão que vira ocasionalmente a página, e contudo algo não exatamente definido pela palavra texto desdobra-se, progri~ cresce e deita raízes enquanto leio.

(Alberto Manguel - Uma História da Leitura - São Paulo, Companhia das Letras, 1997)

Comentários

a) 1° parágrafo: predomínio de objetividade

Repare que no primeiro parágrafo do texto, embora apareça a figura do sujeito (locutor ou emissor) da descrição - Eu as vi, um ano antes da guerra do Golfo, numa vitrine discreta do Museu Arqueológico de Bagdá - o objeto é descrito com objetividade, quer dizer, enfatizando mais as características do que foi visto (inclusive com indicações precisas de tempo e lugar) do que o ato de ver ... duas pequenas placas de argila de formato vagamente retangular foram encontradas em Tell Brak, Síria, datando do quarto milênio antes de Cristo (...) São objetos simples, ambos com algumas marcas leves: um pequeno entalhe em cima e uma espécie de animal puxado por uma vara no centro. Um dos animais pode ser uma cabra, e nesse caso o outro é provavelmente uma ovelha. O entalhe, dizem as arqueólogos, representa o número dez...

b) 2º parágrafo: predomínio de subjetividade

Do segundo parágrafo em diante, a mesma descrição adquirindo fortes marcas de subjetividade: Há algo intensamente comovente nessas placas. Quando olhamos essas peças de argila levadas por um rio que não existe mais, observando as incisões delicadas que retratam animais transformados em pó há milhares e milhares de anos, talvez uma voz seja evocada... palavras pronunciadas por um, fazendeiro cuidadoso no tempo em que os desertos eram verdes...

Tais marcas indicam a presença da emoção do sujeito enquanto descreve. Repare que ele faz uma evocação afetiva, por meio da percepção sensorial (os sentidos da visão e da audição, o segundo com existência imaginária), das mesmas placas descritas no primeiro parágrafo. Isso é importante para estudar a redação do Enem.

c) Objetividade e subjetividade: descrição e funcionalidade

As placas, que no primeiro parágrafo foram caracterizadas como os exemplos mais antigos de escrita que conhecemos, passam a partir do segundo a representar mais do que isso: elas se transformam em imagem do prolongamento e da preservação da memória dos primórdios do nosso tempo, o que permite ao leitor sentir-se parte do processo de decifrá-las.

Assim, enquanto o parágrafo de descrição objetiva nos faz perceber impessoalmente o objeto descrito, o de descrição subjetiva pessoaliza o contato que temos com ele, trazendo para o presente de nossa leitura o passado longínquo do surgimento do ato de ler.

Este procedimento no qual objetividade e subjetividade se mesclam, aumentando o poder intelectivo e ao mesmo tempo sugestivo do texto, é reforçado, no terceiro parágrafo, pela imagem do próprio sujeito lendo.

Neste parágrafo ele se transforma ao mesmo tempo em sujeito e objeto do texto e, de maneira concreta, realiza a descrição do seu ato de ler (com abundância de detalhes descritivos).

Desta forma, quer dizer, através de um parágrafo predominantemente objetivo ao qual se seguem outros dois, predominantemente subjetivos, o autor realiza o objetivo não apenas de transmitir intelectualmente, mas de mostrar sensorialmente ao leitor a permanência da leitura ao longo da história humana. Graças a seu ponto de vista de proximidade em relação ao objeto, fica registrada, com intensa expressividade, a relevância da leitura para a humanidade, através dos tempos e dos espaços.



Exemplo:

Tal como meu nebuloso ancestral sumério lendo as duas pequenas placas naquela tarde inconcebivelmente remota, eu também estou lendo, aqui na minha sala, através de séculos e mares. Sentado à minha escrivaninha, cotovelos sobre a página, queixo nas mãos abstraído por um momento da mudança de luz lá fora e dos sons que se elevam da rua, estou vendo, ouvindo, seguindo (...) uma história, uma descrição, um argumento...

Conclusões importantes

A leitura detalhada e comentada desta descrição permite-nos perceber que a presença da objetividade e da subjetividade em nossos textos descritivos pode ser mesclada, predominando o ponto de vista exigido por nossos objetivos e também pelos contextos de produção textual. Atentos a tais critérios, precisamos saber conciliar informação objetiva e impessoal com marcas de pessoalidade, de expressividade. Precisamos, enfim, trabalhar o rigor, a exatidão e a fidelidade ao real, isto é, a necessidade de esclarecer, convencendo, em sintonia com a de impressionar, agradando. Fica a minha dica para que você estude e comprove que o Segredos do Enem funciona para vestibular também.


Descrição objetiva e descrição subjetiva

Descrição objetiva e descrição subjetiva: visão comparativa e conceito de predominância

Enquanto a descrição objetiva pressupõe uma postura de distanciamento emocional do sujeito em relação ao objeto, o que lhe possibilita apreendê-lo através de um tipo de percepção mais exata, dimensional, a descrição subjetiva pressupõe uma postura de proximidade. Essa postura, por sua vez, implica que o sujeito descreve o objeto através de um tipo de percepção menos precisa e mais contaminada por suas emoções e opiniões.

É necessário colocar aqui uma observação fundamental para que se compreenda bem em que consistem ambos os tipos de descrição e, mais do que isso, qual a funcionalidade da distinção tendo em vista a produção desse tipo de texto.

Na verdade, não existem textos totalmente objetivos ou totalmente subjetivos, já que as noções de sujeito e objeto são interdependentes: é impossível imaginar tanto um objeto que independe do sujeito quanto um sujeito que independe do objeto; no limite, o primeiro caso corresponderia a pensar o mundo (objeto) sem o homem, e o segundo a pensar o homem (sujeito) sem o mundo.

Portanto, todo texto objetivo pressupõe uma presença, ainda que imperceptível, de subjetividade, e reciprocamente todo texto subjetivo pressupõe um mínimo de objetividade.

Podemos então usar o conceito de predominância para distingui-los, colocando de um lado, o lado da predominância da objetividade, os textos técnicos e científicos, e de outro, o lado da predominância da subjetividade, os textos literários.



Vejamos duas opiniões interessantes sobre o assunto:

"A descrição técnica apresenta, é claro, muitas das características gerais da literária, porém, nela se sublinha mais a precisão do vocabulário, a exatidão dos pormenores e a sobriedade da linguagem do que a elegância e os requisitos da expressividade lingüística. A descrição técnica deve esclarecer, convencendo; a literária deve impressionar, agradando. Uma traduz-se em objetividade; a outra sobrecarrega-se de tons afetivos. Uma é predominantemente denotativa; a outra, predominantemente conotativa".

(Othon M. Garcia - Cormunicação em Prosa Moderna - Rio de Janeiro. Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996)

"A redação técnica é necessariamente objetiva quanto ao seu ponto de vista, mas uma objetividade completamente desapaixonada torna o trabalho de leitura penoso e enfadonho por levar o autor a apresentar os fatos em linguagem descolorida, sem a marca da sua personalidade. Opiniões pessoais, experiência pessoal, crenças, filosofias de vida e deduções são necessariamente subjetivas, não obstante constituem parte integrante de qualquer redação técnica meritória".

(Margaret Norgaard - citada por Othon M. Garcia - Comunicação em Prosa Moderna - Rio de Janeiro. Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996)

Aspectos como este são importantes para estudar e perder o medo de escrever uma redação.

Leitura Comentada: Uma Descrição Subjetiva

O que mais me chateia na raiva é que sei, por experiência, que ela passa. A raiva, sim, é um pássaro selvagem: você tenta amansar ele, ganhar confiança, mas quando menos se espera ele bate as asas e foge. A gente fica então com uma fraqueza no peito, no corpo todo, como depois de uma febre. Querendo colo. Mas o pior é o período antes dessa fraqueza, todo mundo com os nervos inflamados, à flor da pele. As caras que por acaso rompiam a barreira do meu quarto eram todas de tragédia. (...)
Embora fosse antigamente uma princesa (...) eu me sentia um sapo (...). Eu estava muito cheia de raiva (no fundo, vergonha) e, embora tivesse gritado "perdão" à vista de todos, eu não queria me arrepender. Por isso estava ainda naquele inferno. No inferno, isso eu sei, é proibido o arrependimento. Continuamos fiéis aos nossos erros.

(Vilma Arêas - Aos trancos e relâmpagos - São Paulo, Scipione, 1993)

Comentários



Aqui, a locutora está descrevendo um sentimento: a raiva. Percebemos que o faz subjetivamente desde a primeira linha, quando explicita a postura do "eu" em relação ao que descreve: O que mais me chateia... Além disso, utiliza-se de metáforas e de linguagem coloquial, com recursos de oralidade, pessoalizando a visão que o sujeito tem do objeto. O fragmento pertence a um texto literário e é objeto de estudo quando você faz login no Segredos do Enem destinado ao público infantil, o que explica seu tom de naturalidade e de proximidade com o interlocutor, também explicitado logo no início: A raiva, sim, é um pássaro selvagem: você tenta amansar ele, ganhar confiança, mas quando menos se espera ele bate as asas e foge. A gente fica então com uma fraqueza no peito, no corpo todo, como depois de uma febre.

Tipos de descrição: objetiva e subjetiva

A descrição costuma ser classificada como objetiva ou subjetiva. Na descrição objetiva, o sujeito procura criar uma imagem do objeto que se aproxime, o máximo possível, de sua cópia fenomênica, isto é, descreve centrado naquilo que efetivamente vê. Para tanto, utiliza como critérios básicos a exatidão e a fidelidade ao real.

Já na descrição subjetiva, a imagem descrita enfatiza a transfiguração do objeto pelo sujeito, que atribui a ele elementos próprios e o incorpora a sua pessoalidade, centrando-se naquilo que quer, pensa ou sente ver.

Leitura Comentada: Uma Descrição Objetiva

O motor está montado na traseira do carro, fixado por quatro parafusos à caixa de câmbio, a qual, por sua vez, está fixada por coxins de borracha na extremidade bifurcada do chassi. Os cilindros estão dispostos horizontalmente e opostos dois a dois. Cada par de cilindros tem um cabeçote comum de metal leve. As válvulas, situadas nos cabeçotes, são comandadas por meio de tuchos e balancins. O virabrequim, livre de vibrações, de comprimento reduzido, com têmpera especial nos colos, gira em quatro pontos de apoio e aciona o eixo excêntrico por meio de engrenagens oblíquas. As bielas contam com mancais de chumbo-bronze e os pistões são fundidos de uma liga de metal leve.

(Manual de Instruções-Volkswagen)



Comentários

Observe que este texto tem o objetivo de descrever o motor de um carro do ponto de vista de seu fabricante, a Volkswagen, que portanto constitui o locutor, o emissor do texto. Seu receptor ou destinatárlo é o usuário do produto, o leigo, o que explica a redução de termos técnicos ao mínimo necessário e também o detalhamento de características, típico de um Manual de Instruções.

Observe também como acessar o Segredos do Enem a postura de distanciamento do locutor em relação ao objeto descrito: ele se abstém de comentários, opiniões, centrando-se nas características fenomênicas daquilo que descreve. Trata-se, portanto, de uma descrição impessoal e objetiva.

Diferentes pontos de vista na redação

Em outras palavras, na descrição a seleção dos traços, das características que mostrarão ao leitor como é um determinado objeto, deve ser elaborada pelo sujeito de forma coerente e adequada com seu objetivo e ponto de vista ao descrever.

Entretanto, antes de selecionar é preciso enumerar, isto é, fazer uma lista de traços, características e detalhes do objeto, da maneira mais livre possível.

Você pode se colocar em diferentes perspectivas (próximo, distante, atrás, na frente, em cima, embaixo, do lado etc) em relação a ele, pode conjugar memória e imaginação, pode pensar se considerou todos os sentidos ao descrever (visão, tato, audição, olfato, paladar), pode misturar sensações com sentimentos, emoções, reflexões.

Só não deve bloquear este fluxo pensando antecipadamente na montagem, na organização final do texto. Este processo vem depois, quando você já tem os elementos necessários para cortar o que está repetido, acrescentar o que falta, hierarquizar em principais e secundários os aspectos escolhidos, enfim, ajustar o como ao porquê: o tipo de texto (por exemplo: com maior objetividade ou maior subjetividade, presença expressiva de detalhes ou linguagem mais enxuta, ponto de vista mais próximo ou mais distante, favorável ou desfavorável etc) ao contexto de produção (os objetivos do texto e a situação que gerou a necessidade de escrevê-lo).


Características da redação descritiva

Vejamos, comentando o texto apresentado, algumas características fundamentais do texto descritivo:

a) Descrição: Objetivo e Ponto de vista

Repare que o objetivo da autora, no texto lido, é traçar um perfil físico e psicológico de Clarice Lispector, grande escritora da literatura brasileira, de quem foi amiga.

O seu ponto de vista ao realizar a descrição pressupõe, portanto, proximidade com o objeto descrito, o que percebemos pela grande quantidade de detalhes reveladores de convivência íntima, presentes no texto.

Além disso, a imagem de Clarice que Olga Boreli pretende transmitir ao leitor está explicitada na seguinte passagem do texto: Defini-la é difícil. Contra a noção de mito, de intelectual, coloco aqui a minha visão dela: era uma dona-de-casa que escrevia romances e contos.

Perceba que para recriar descritivamente esta imagem, ou seja, para colocar a sua visão, o seu ponto de vista a respeito da escritora, a autora ora se detém em características físicas, ora em características psicológicas, e mais comumente mescla ambos os tipos de características, fazendo com que reciprocamente se iluminem. Ao mesmo tempo, tais características vão ao encontro do ponto de vista defendido, fundamentando-o.



Exemplo:

Características físicas:

Nunca saía sem estar maquilada e trajada às vezes com algum requinte: turbante, xale, vários colares e grandes brincos. O branco, o preto e o vermelho eram uma constante em seu guarda-roupa.

Características psicológicas:

Ambicionava viver numa voragem de felicidade, como se fosse sonho. Teimosa, acreditava, porém, na vida de todos os dias.

Mescla de características físicas e psicológicas:

Os olhos (...) pareciam perscrutar todos os mistérios da vida (...) fixavam-se nas pessoas como se fossem os olhos da consciência, e ninguém os agüentava por muito tempo, tal a sua intensidade.

O nariz quase imperceptível na serenidade meditativa do conjunto. Mas possuía a narinas que se dilatavam nos raros momentos de "cólera sagrada", como costumava definir suas zangas.

O batom geralmente era de tom rubro forte; o rímel negro, colocado com sutileza, aumentava a obliquidade e fazia ressaltar o verde marítimo dos olhos. Indiscutivelmente era mulher interessante, de traços nobres e, talvez, inatingível.

Conclusões importantes

Por meio destes exemplos concluímos que tanto o objetivo da descrição quanto o ponto de vista do sujeito em relação ao objeto descrito devem ser minuciosamente observados, para se criar esse tipo de texto. Além de trabalhar estas questões, é comum que me perguntem aqui nos comentários como comprar o segredos do Enem.

Definição: o que é descrever

Descrever é representar com palavras um objeto - uma coisa, uma pessoa, uma paisagem, uma cena, ou mesmo um estado, um sentimento, uma experiência etc -fundamentalmente por meio de nossa percepção sensorial, nossos cinco sentidos: visão, tato, audição, olfato e paladar.

No texto descritivo, o sujeito cria uma imagem verbal do objeto - entenda-se a palavra no sentido mais amplo possível -, dando suas características predominantes, apresentando os traços que o singularizam, de acordo com o objetivo e o ponto de vista que possui ao realizar o texto. Bem, além de pensar na escrita do texto, você deve pensar nos hábitos de estudo e esse é um dos focos do curso Segredos do Enem.



Leitura Comentada: Um Texto Descritivo
Ela possuía a dignidade do silêncio. Seu porte altivo era todo contido e movia-se pouco. Quando o fazia, era como se estivesse procurando uma direção a seguir; então, encaminhava-se diretamente, sem desvios, ao seu objetivo.
O cabelo era louro-dourado, muito fino e sedoso, as orelhas pequenas. Os olhos tinham o brilho baço dos místicos. Pareciam perscrutar todos os mistérios da vida: profundos, serenos, fixavam-se nas pessoas como se fossem os olhos da consciência, e ninguém os agüentava por muito tempo, tal a sua intensidade. O olho esquerdo tinha uma expressão de inquietante expectativa.
Os lábios, de rebordos bem definidos, eram perfeitos e em harmonia com o contorno do rosto, de maçãs ligeiramente salientes. O nariz, quase imperceptível na serenidade meditativa do conjunto. Mas possuía narinas que se dilatavam nos raros momentos de "cólera sagrada", como costumava definir suas zangas.
A voz soava grave e profunda. Quando irritada, emergia rascante, em estranha autoridade, dotada de algo que infundia respeito. Tinha um pequeno defeito de dicção: arrastava nos erres por causa da língua presa.
A mão esquerda era um milagre de elegância. Muito móvel, evolucionava no ar ou contornava os objetos com prazer. No trabalho, ágil e decidida, parecia procurar suprir as deficiências da outra dura, com gestos mal controlados, de dedos queimados, retorcidos, com profundas cicatrizes.
Cumprimentava às vezes com a mão esquerda. Talvez por pudor, receosa de constranger as pessoas, dirigia-se a elas com economia de gestos. Alguns de seus manuscritos eram quase ilegíveis. Assinava com bastante dificuldade, mas utilizava ambas as mãos para datilografar.
Era profundamente feminina, exigia e se exigia boas maneiras. Bem cuidada no vestir, vaidosa, mas sem sofisticação.
Nunca saía sem estar maquilada e trajada às vezes com algum requinte: turbante, xale, vários colares e grandes brincos. O branco, o preto e o vermelho eram uma constante em seu guarda-roupa.
O batom geralmente era de tom rubro forte; o rímel negro, colocado com sutileza, aumentava a obliqüidade e fazia ressaltar o verde marítimo dos olhos. Indiscutivelmente era mulher interessante, de traços nobres e, talvez, inatingível.
Quanto à afetividade, acreditava que, quando um homem e uma mulher se encontram num amor verdadeiro, a união é sempre renovada, pouco importando brigas e desentendimentos.
Ambicionava viver numa voragem de felicidade, como se fosse sonho. Teimosa, acreditava, porém, na vida de todos os dias. Defini-la é difícil. Contra a noção de mito, de intelectual, coloco aqui a minha visão dela: era uma dona-de-casa que escrevia romances e contos.
Dois atributos imediatamente visíveis: integridade e intensidade. Uma intensidade que fluía dela e para ela refluía. Procurava ansiosamente, lá, onde o ser se relaciona com o absoluto, o seu centro de força - e essa convergência a consumia e fazia sofrer. Sempre tentou de alguma maneira solidarizar-se e compreender o sofrimento do outro, coisa que acontecia na medida da necessidade de quem a recebia. O problema social a angustiava.
Sabia o quanto doíam as coisas e o quanto custava a solidão.
São muitos os "mistérios" que aos olhos de alguns a transformaram em mito. Simplesmente, porém, em Clarice não aparecia qualquer mistério. Ela descobria intuitivamente o mistério da vida e do ser humano; em compensação, era capaz de dissimular o seu próprio mistério.
(Olga Boreli - Clarice Lispector, Esboço para um possível retrato - texto adaptado - Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1981)