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Leitura Comentada: Uma Descrição Subjetiva

O que mais me chateia na raiva é que sei, por experiência, que ela passa. A raiva, sim, é um pássaro selvagem: você tenta amansar ele, ganhar confiança, mas quando menos se espera ele bate as asas e foge. A gente fica então com uma fraqueza no peito, no corpo todo, como depois de uma febre. Querendo colo. Mas o pior é o período antes dessa fraqueza, todo mundo com os nervos inflamados, à flor da pele. As caras que por acaso rompiam a barreira do meu quarto eram todas de tragédia. (...)
Embora fosse antigamente uma princesa (...) eu me sentia um sapo (...). Eu estava muito cheia de raiva (no fundo, vergonha) e, embora tivesse gritado "perdão" à vista de todos, eu não queria me arrepender. Por isso estava ainda naquele inferno. No inferno, isso eu sei, é proibido o arrependimento. Continuamos fiéis aos nossos erros.

(Vilma Arêas - Aos trancos e relâmpagos - São Paulo, Scipione, 1993)

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Aqui, a locutora está descrevendo um sentimento: a raiva. Percebemos que o faz subjetivamente desde a primeira linha, quando explicita a postura do "eu" em relação ao que descreve: O que mais me chateia... Além disso, utiliza-se de metáforas e de linguagem coloquial, com recursos de oralidade, pessoalizando a visão que o sujeito tem do objeto. O fragmento pertence a um texto literário e é objeto de estudo quando você faz login no Segredos do Enem destinado ao público infantil, o que explica seu tom de naturalidade e de proximidade com o interlocutor, também explicitado logo no início: A raiva, sim, é um pássaro selvagem: você tenta amansar ele, ganhar confiança, mas quando menos se espera ele bate as asas e foge. A gente fica então com uma fraqueza no peito, no corpo todo, como depois de uma febre.